
Por não compactuar com ideologias que ferem a democracia, o senhor Jair Messias Bolsonaro recebeu meu iludido voto. Já demonstrou a que veio e não é mais o meu presidente. Apesar de ostentar o título oficial de chefe do governo no regime presidencialista, não preside. Com o devido respeito!
Em processo de contínua desconstrução da estrutura legítima e democrática existente há dois anos, em acelerada corrida contra o tempo, visa criar um complexo que lhe permita manter o poder por tempo ainda sujeito a definição. Suas vãs promessas eleitoreiras, atos e falas inconsequentes, quase diárias, assustam quem esperava uma “nova política”. Sem qualquer liderança para enfrentar imensos desafios como a pandemia global – por ele negada desde o início do surto – e a condução equivocada da vida política a reboque das atitudes e abominável comportamento de seu ídolo – o ex-presidente do Estados Unidos, Donald Trump.
A invasão do Capitólio (EUA) no último dia 6 – incentivada por seu mestre e reputada como insurreição pelo presidente eleito Joe Biden – conflito que deixou assassinados, depredações, vandalismo, violações de direitos constitucionais, mereceu do senhor Jair Messias a seguinte afirmação: “E aqui no Brasil, se tivermos o voto eletrônico em 22, vai ser a mesma coisa; se nós não tivermos o voto impresso em 22, uma maneira de auditar voto, nós vamos ter problemas piores do que os Estados Unidos.”
Um alerta visando a incitação à violência caso sejam mantidas as (legais) regras eleitorais vigentes há 26 anos? Que país é esse?
No momento caótico em que “rachadinhas”, milicianos e “Queirozes” intocáveis – apaniguados dos filhos daquele que desdenhou da pandemia desde seu início – e que por aqui já ceifou a vida de mais de 209 mil brasileiros, a perplexidade se instala. Politizando a aprovação de vacinas, incompetente para meses atrás fazer encomendas como todos os países desenvolvidos, incapaz de deslanchar uma campanha de imunização.
O governo alardeou a compra de vacinas da Índia, enquanto o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Indiano afirmava que o país ainda estava avaliando a possibilidade de exportar doses de imunizante produzidos em seu território e que seria “muito cedo” para dar uma resposta. Ilusionismo!
Perdido está, como o seu General da Saúde, incapaz de criar condições de sobrevivência da população que vem morrendo por falta de cilindros de O2 em Manaus. Seu negacionismo sobre a pandemia, sobre vacinas que não irão nos transformar em jacarés, beira as raias da revolta. Desumana a trajetória desse senhor à frente do país, dando-lhe as costas.
Avaliando a situação, governantes, historiadores e personagens representativas lembram as razões que levaram o Tribunal de Nuremberg marcar a História Universal. Questionam se a impunidade vai permanecer por aqui.
Quem viver (ou sobreviver) verá.
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